Do less, Be more

Doing nothing is better than being busy doing nothing.
Lao Tzu


Embora nem sempre me seja fácil admitir, cada vez mais tenho consciência que me tornei um pouco viciada em estar permanentemente ocupada. Porque sim, acredito que é um vício. Facilmente sou capaz de ficar 12h seguidas a trabalhar em coisas que não me são propriamente exigidas, mas que na maior parte das vezes me auto-imponho. E tal como eu, acredito que muitos de vocês sintam o mesmo, visto que vivemos numa época em que a nossa noção de identidade e de valor ainda está profundamente ligada àquilo que fazemos.

Este vício, ao qual o New York Times deu o nome de "The Busy Trap", dá os seus sinais quando começam a nascer dentro de nós sentimentos de culpa sempre que não estamos a fazer algo produtivo, ou quando uma voz inquieta e ansiosa nos sussurra que devíamos estar a fazer mais (e de preferência, melhor). Por isso acredito que é importante termos consciência disso para aprendermos a parar e a calar essa voz dentro de nós. O nosso corpo, a nossa família, os nossos amigos e a nossa vida em geral agradecem profundamente.

E porque é que  o fazemos?

-  para não nos sentirmos culpados, visto que hoje em dia a falta de produtividade não é bem vista socialmente

- para não entrarmos em contacto com uma eventual sensação de vazio e de falta de sentido, que muitas vezes assusta

- por medo de nos sentirmos ultrapassados por aqueles que estão a  trabalhar mais e melhor


Este Verão cruzei-me com uma passagem do livro "The Art of Stilness" de Pico Iyer, que dizia justamente:

"...o difícil é mantermo-nos sossegados e reencontrar essa sensação de espaço
e de libertação que se dá aquilo que eu chamo "não ir a parte nenhuma". 
Ficar longe da agitação do mundo, respirar e fazer uma pausa, sem
necessariamente meditar ou fazer yoga (...) hoje em dia é o supremo luxo."

Por isso decidi desafiar-me a "desviciar-me" lentamente e a comprometer-me, de uma forma consciente, a FAZER menos e a SER mais (de preferência sem sentimentos de culpa). Há que perceber que não é aquilo que fazemos que nos define, mas aquilo que em cada instante escolhemos ser.

Por isso o desafio (ao qual também vos desafio) é o de todos os dias (pelo menos durante 1 semana) tirar aproximadamente 20 minutos para, conscientemente, parar e não fazer nada. A tecnologia não é permitida, pelo que telemóveis, computadores e televisão terão que ser postos de parte. Ler (que eu tanto gosto) também não dá. Apenas vale, como diz Pico Iyer, ficar longe da agitação, respirar e fazer uma pausa (será que conseguimos?) E usufruir livremente de todas as coisas boas que possam daí nascer.

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